quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Ego das Sombras (Capítulo 2)

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No conto anterior conhecemos Natássia, menina inteligente e sonhadora. Ela tivera um pesadelo e a seguir sonhara com seu príncipe encantado. No dia seguinte na escola conheceu um garoto que ela jurava ser o mesmo de seu sonho e agora ao retornar para casa percebera que estava sendo seguida. Será que seu pesadelo também virará realidade assim como o seu sonho perfeito? Confira agora:

Seduzida

Natássia continuava sendo seguida. Mais uma vez recordou-se do terrível pesadelo da noite anterior e sentiu sua pele ficar gelada.
Seria uma tragédia ela ser assassinada por um homem encapuzado justo agora que ela acredita que encontrara o homem dos seus sonhos. Confiante ao lembrar-se do rosto de Dimitri, ela virou-se para encarar e desafiar seu perseguidor quando fora surpreendida.
Tratava-se do homem com que ela sonhara a noite anterior. Parecia mentira ou coincidência se esbarrarem ali no meio da rua. Natássia torcia para que não fosse coincidência alguma e que Dimitri estivesse ali por sua causa.
Quando ele percebeu que estava sendo fixamente encarado parou subitamente e permaneceu paralisado próximo ao rosto de Natássia e olhou fixamente. Seu olhar era enigmático e distante, não era possível imaginar no que ele estava pensando encarando as pessoas daquele jeito.
O olhar de Natássia logo se tornou fulminante e em uma tentativa de defesa ela o atacou com palavras:
- Você está me seguindo?- questionou ela como se aquilo não fosse agradável.
- Claro que não menina, estava apenas seguindo meu caminho para casa. -justificou-se ele espantado por ser alvejado pela menina. Sua voz era firme e doce para os ouvidos de Natássia que já estava em estado de êxtase mais uma vez.
- Finjo que acredito. Sei muito bem que você está morando em um apartamento próximo a casa de um conhecido meu e é do outro lado da cidade.
- Você está tão interessada assim em mim que já se informou sobre minha pessoa?- defendeu-se Dimitri com um tom sarcástico.
- Muito engraçado para minha pessoa. Ainda não respondeu minha pergunta por que está me seguindo Dimitri?
- Já sabe até meu nome?- perguntou o novato com o velho tom sarcástico ao mesmo tempo em que se encontrava assustado com a esperteza daquela jovem. - Então acho que não devo responder suas perguntas, já deve saber tudo sobre quem sou e por que estou aqui.
- Claro que não. Que tipo de moça pensa que eu sou? Que vive se importando com a vida dos outros?
- Não. Mas desse jeito você está me assustando. Eu posso responder suas perguntas calmamente se você prometer que não vai me interromper e vai parar de me fulminar com esses lindos olhos verdes.
Natássia abriu um sorriso tímido e abaixou a guarda.
- Comece respondendo minha primeira pergunta.
- Tudo bem. Estava mesmo seguindo você. Eu a vi na escola antes, e não estava seguindo você com intenções de assaltá-la ou coisa parecida.
- Então o que você pretendia me seguindo?
- Conhecê-la melhor. Achei você muito bonita, e como já disse esses seus olhos verdes são lindos. Acho que foram eles que me guiaram até você.
Aquilo só parecia ser mentira ou talvez fosse só mais um de seus sonhos em que ela iria acordar depois na sua cama suspirando e suplicando para voltar a dormir. Infelizmente ela teria que se contentar com aquela realidade, o que não seria difícil.
- Acha que vou cair na sua lábia de primeira? Pensa que sou fácil assim?
- Não. Porque se você fosse uma garota fácil eu não estaria aqui. Sou atraído pelos obstáculos. Gosto de suar muito pelas minhas conquistas.
- É assim que você me vê? Como uma futura “conquista”?- questionou Natássia fazendo um gesto com os dedinhos pálidos de suas mãos macias.
- Seria muito indiscreto se eu falasse a verdade.
Natássia abriu mais uma vez um sorriso.
- Como sempre os homens continuam sendo cínicos.
- Então para te provar o contrário eu posso acompanhá-la até a sua casa?
- Depende. Você vai me atacar ou me forçar a alguma coisa?
- Claro que não. – respondeu Dimitri com um tom confuso.
- Então vamos. Você pode começar me respondendo como chegou aqui e de onde veio.
- Acho que isso não é possível. – disse Dimitri enquanto eles começavam a caminhada.
- Por quê? Você saiu de alguma penitenciaria por acaso?
- Não. Mas de onde venho lembra muito esse tipo de ambiente.
Natássia se assustou com a tristeza marcada na voz de Dimitri. Ela não sabia se conseguiria fazê-lo confessar algo para ela, mas mesmo assim ela tentaria convencê-lo a falar mais de seu passado.
- Então me diga. Quantos anos você tem?
- 17.
- Somos da mesma idade. E sua família? Eles também vieram morar aqui em Santa Martha?
- Não. Eu sou órfão.
- Desculpa. Eu não imaginava.
- Tudo bem. Você não tinha como imaginar.
- Então que tal mudarmos de assunto? Você gosta que tipo de musica? Gosta de ler?
- Gosto muito de ouvir Foo Fighters, eles são demais. Não gosto muito de ler.
- Tudo bem. Acho que já sei o necessário sobre você Dimitri. Agora me pergunte sobre qualquer coisa que você tem dúvida em relação a mim.
- Não gosto muito de questionar as pessoas sobre como elas são. Gosto de conhecê-las através da convivência. Quem sabe eu possa saber mais sobre você se nos víssemos mais?- disse Dimitri encarando Natássia como se estivesse esperando uma resposta convincente.
- Você é muito engraçado. - disse Natássia exibindo seu sorriso majestoso mais uma vez. - Quem garante que vamos nos encontrar de novo?
- Acho que você. Sem sua garantia de que vou poder admirar mais uma vez esses lindos olhos verdes. Posso muito bem sumir de Santa Martha em um instante.
Mais uma vez A bela ruiva deleitou-se em uma gargalhada doce e simpática.
- Então vou acreditar que você veio a Santa Martha por minha causa?
- Não. Mas felizmente aqui encontrei você.
- Acho que você deve saber que frases assim não conquistam mulheres. Parecem frases de conquistador barato.
- Então é assim que você me enxerga? Como um conquistador barato?
- Não. Mas essas frases.
- Tudo bem. Serei o mais natural possível para você.
- Seria melhor. – disse Natássia mais uma vez exibindo seu sorriso magnífico.
- Mas sabe está faltando algo.
- O quê? Pensa que vou beijar você? Nem o conheço.
Dimitri começou a rir sozinho analisando o ponto de vista daquela garota.
- Não é nada disso. Você sabe o meu nome e eu não faço ideia de como você se chama. Estamos aqui conversando a mais de meia hora e me sinto um idiota sem saber seu nome.
Natássia riu mais vez lembrando a besteira que teria falado, foi muito impulsivo e nem se deu conta o quanto estava sendo rude com Dimitri. Eles já estavam se aproximando da rua de sua casa e era sua última chance de tentar ganhar aquele garoto e ela já não sabia mais o que fazer. Se ele estaria perguntando o nome dela, qual seria o mal de dizer, isso mostra que de fato ele teria algum interesse. Só não se sabe a intensidade desse interesse.
- Natássia Almeida- respondeu a bela ruiva mais uma vez exibindo sua marca maior: o sorriso.
- Nome lindo. - disse Dimitri meio sem jeito.
- Já chegamos Dimitri. – disse Natássia quando chegaram na porta de uma imensa casa de paredes pintadas de verde.
- Missão Cumprida.
Os dois riram juntos e depois Dimitri voltou a falar:
- Nos vemos então na escola.
- Até logo- concordou Natássia com uma expressão meiga no rosto.
Dimitri então se distanciou e quando Natássia percebeu. Ele não se encontrava mais ali. Ainda permaneceu durante alguns minutos na porta da casa vendo as pessoas passar ou lembrando-se da maravilhosa conversa que tivera com o belo estranho que chegou a cidade.
Parecia aterrorizante ficar com o semblante de um estranho na mente, mas quem sabe Dimitri seria diferente dos outros rapazes que já passaram pela vida dela antes. Algo em seu coração parecia dizer a ela que em breve ela seria surpreendida por algum acontecimento.
Imediatamente ruídos de sirenes tiraram Natássia de seus pensamentos românticos. Viaturas da polícia acompanhadas por ambulâncias se dirigiam com ferocidade rumo ao centro da cidade. O que teria acontecido para ser a razão de tanto caos?
Natássia apressadamente correu na mesma direção das viaturas e seguiu com passos rápidos para saber o que havia acontecido. Ela não era uma menina fofoqueira só se preocupava muito com as pessoas, sempre estava disposta a ajudar. Se fosse um incêndio ou um desabamento seria voluntaria para salvar vidas, pois isso era o que ela mais amava em toda sua vida. Salvar vidas era sua profissão integral, mas ela sempre se questionava se um dia estivesse em apuros quem a salvaria? Talvez sua própria sorte ou quem saiba Dimitri teria surgido na sua vida para ser o seu protetor.
Mais uma vez se via pensando em Dimitri, mas agora viu que sua maior prioridade era saber quem estava em apuros e tentar salvar vidas.

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