sábado, 10 de agosto de 2013

O Ego das Sombras (Capítulo 4)

No conto anterior nossa heroína Natássia correu para o centro da cidade para descobrir qual tragédia havia acontecido. Deparou-se com um incêndio no prédio de seu amigo Júnior que possivelmente seria o causador devido a seu histórico de tentativas de suicídio desde que eles eram crianças. Em meio ao alvoroço e pânico Natássia reconheceu Dimitri no meio da multidão e ele não pareceu nada amigável.


CAPÍTULO 4


OLHARES VAZIOS


Natássia permanecia paralisada perante olhar gélido que Dimitri transmitia para ela. Definitivamente aquele não era o rapaz de olhar doce e sorriso fraterno que tocou seu coração. Seus olhos eram frios e seu corpo estava rígido, Natássia estava de corpo arrepiado e a dor no seu peito esquerdo se intensificava cada vez mais. Quase sem forças ela abriu os lábios e tentou falar o mais alto que pudesse.
─ Dimitri!
Como um simples passo de mágica o rapaz revirou os olhos e o tom suave voltou a estampar seu rosto, ele parecia perdido, tonto e fraco. A dor que Natássia sentia sumiu e ela pode se mexer e com medo ela tentava se afastar. Pois ela estava com medo de Dimitri, com medo de que aquilo estava acontecendo com ele pudesse voltar. Mas quando ela se afastava sentiu uma mão pegar no seu braço e apertar forte. A seguir ouviu uma voz familiar chamar seu nome:
─ Natássia espere, por favor.
─ O que você quer? ─ ela se ouviu sendo grossa com aquele rapaz belo que a assustou.
─ Está tudo bem com você? – perguntou Dimitri com aquela voz suave que fazia ela se derreter.
─ Não Dimitri, não está nada bem. Meu amigo está naquele prédio preso tentando se matar e matou várias pessoas com essa loucura e eu te vejo aqui todo estranho no meio da rua com um olhar estranho. Não parecia você Dimitri!
─ Eu não estava bem, estava tão assustado com esse incêndio. Os cadáveres que eu devo ter perdido a noção, estava nas nuvens. Só acordei quando te ouvi me gritar. Desculpa!
─ Está desculpado, mas eu tenho uma dúvida Dimitri. Como você chegou aqui tão rápido sendo que você está morando do outro lado da cidade?
─ Eu cheguei agora a pouco, depois que vi a movimentações de viaturas e ambulâncias. Vim correndo com o sentido de ajudar se fosse preciso.
─ Tudo bem então, eu também vim para cá com essa intenção. Vamos então nos aproximar talvez os bombeiros estejam precisando de voluntários.
Os dois adolescentes fora andando em direção do incêndio que agora já estava controlado e segundo s bombeiros e policiais, não havia mais pessoas em perigo e que todos que foram resgatados foram encaminhados para o Hospital Municipal de Santa Martha.
Eles ajudavam junto de outros voluntários na retirada dos destroços e na ajuda aos familiares das vítimas que queriam notícias. Os dois não paravam de trocar olhares um para outro, era difícil de assumir, mas Natássia estava sim atraída por Dimitri e era estranho, pois não fazia ideia de quem ele era ou sua historia.
♦♦♦

Sua cabeça não parava de doer, seu corpo estava todo dolorido e sentia as queimaduras os membros ensanguentados. Sua cabeça também doía muito e ele ao acordar viu seus pais na cabeceira de seu leito com uma expressão séria e preocupada. Ele estava vivo, Júnior tinha sobrevivido a mais uma tentativa de suicídio. Não sabia por que teria tentado mais uma vez sendo que há quase um ano ele não recorria mais a isso. Depois de suas sessões com o terapeuta estava mais conformado e superando aos poucos suas dores e o trauma de infância que o fizera ficar assim.
Mas nos últimos dias ele estava mais estranho do que de costume. A voz que o atormentou durante toda sua infância voltou com força total e iria continuar a atormentá-lo até ele conseguir realizar o suicídio. Mas ele não conseguira, a voz sumira. O porquê ele não entendia, pois a voz tinha voltado junto com o grande medo que ele sente, ele iria por um fim em tudo isso. Ele iria pôr um fim nas fofoquinhas dos vizinhos, nas brincadeiras idiotas na escola. Ele já era um garoto obeso, depressivo e ainda por cima era o mais inteligente da sala. Apesar de ser tão voltado aos estudos saberia que jamais completaria vinte anos de idade, ele iria morrer antes de entrar na faculdade e ele iria conseguir isso, só não sabia como, mas ele iria conseguir.
Preso nos seus pensamentos e com seus ferimentos lhe causando uma dor insuportável ele ouve de seus pais a gravidade do que ele fizera. Eles contaram da quantidade de vítimas, das crianças que morreram, e que ele será internado em uma clinica especializada.
Ele não poderá mais permanecer em Santa Martha depois do que fizera, ele estava sendo expulso de sua cidade mesmo nunca ter sentido se pertencia a ele ou não. Ele não faz questão, apenas chora e diz aos seus pais que sente muito.
Mas Júnior não imaginava que seus atos causariam um estrago colossal. Ele só queria morrer, e sem saber que em breve seu maior sonho de morrer seria realizado.
♦♦♦
Natássia se encontrava na calçada de sua casa conversando com Dimitri. Ele estava mais relaxado, voltara a sorrir da maneira como ela o conheceu. Talvez aquilo tudo que ela viu não passou de uma ilusão ou de pura impressão dela, por um minuto ela não sabia o que pensar quando viu Dimitri daquele jeito. Tão estranho, tão sombrio, tão nefasto.
O que importava é que agora eles estavam sorrindo e se divertindo. Mas as pessoas sempre dizem que as coisas boas são passageiras. De repente quatro pessoas apareceram na porta da casa de Natássia, ela achou muito estranho que depois de tantos anos aquelas pessoas aparecerem ali principalmente porque a maioria delas não é próxima de Natássia exceto Elisangela, sua melhor amiga e confidente desde criança.
─ Natássia, precisamos conversar apenas nós cinco. E o assunto você sabe muito bem qual é!




CONTINUA...

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