A história do mangá
– parte 1
Nessa primeira edição da coluna Mundo Otaku,
fiquei pensando por muito tempo que assunto abordar e cheguei à conclusão que
isso dá trabalho. Se fosse para começar teria que ser do começo (ah vá é mesmo),
então decidi abordar a Genesis da nossa felicidade, Todo Otaku de verdade
precisa conhecer como tudo começou e saber que o mangá que você lê
tranquilamente não foi nada fácil de chegar à suas mãos. Concluindo, temos
muita coisa a aprender, mas, vamos iniciar com a história do mangá.
Mangá significa “rabiscos descompromissados” ou
se preferir “imagens involuntárias”, termo que originou com o trabalho do
artista Katsushika Hokusai, que criou o Hokusai
Mangá, uma série de livros com ilustrações em 15 volumes de 1814 a 1878. O
mangá está literalmente em todo lugar e é muito difícil imaginar o Japão
moderno sem ele. Lido por todas as faixas etárias, de crianças a idosos. Você
sabia que 50% de todo o papel utilizado no Japão tem como a finalidade à
impressão desse livro? Pois é, tenho a impressão de que 40% são de Hentai, mas
abafamos o caso.
Nem sempre o mangá gozou de tamanha
popularidade, uma vez que no século XIX o Japão estava passando por uma crise
feudal. Esse tipo de cultura inicialmente tinha como conteúdo exclusivamente
político e por isso só interessava os interessados em política. A história do
mangá começa bem antes do século XIX. Ainda no século XII, havia o emaki-mono,
que consistia em uma única gravura de aproximadamente dez metros de comprimento
em rolo que apresentava uma narrativa com o desenrolar do pergaminho. Meu sonho
é ter um desses, mas já imaginou andando na rua lendo um negócio desses, graças
a Deus que hoje temos a versão pocket do mangá.
O
fator decisivo para o estabelecimento dessa linguagem foi à chegada dos
jornalistas europeus, que além de escreverem para os jornais, eram os
responsáveis pelas charges políticas presentes nos periódicos da época. Essas
charges foram definitivamente o estopim para o desenvolvimento do mangá como
uma forma de expressão única, de maneira bem parecida com a do surgimento das
tiras de quadrinhos nos jornais norte-americanos (acho que essa parte
interessaria ao colunista Miguel).
Os primeiros cartuns que chegaram a ser
introduzidos no Japão foram do frânces George Bigot e do inglês Charles
Wirgman, dois jornalistas/chargistas europeus enviados ao Japão como
correspondentes jornalísticos. Wirgman é hoje considerado o patrono da moderna
charge japonesa e a cada ano é realizada uma homenagem em seu túmulo em
Yokohama ( como diria minha amiga, que se ele estiver no inferno, que Deus
mande uma gotinha de coca-cola pra ele ). Wirgman usava balões em suas charges
e Bigot, por sua vez, os arranjava em sequência, criando um padrão narrativo.
Esse é um momento importante na evolução histórica dos mangás, quando houve a
fusão de uma longa tradição com a inovação.
Essa história ainda não terminou caro leitor, aguarde a parte 2 da História do Mangá.
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